Berro por meu berro, pelo meu erro. Berro por seu berro, pelo seu erro.

E então, vislumbrando a idéia de "ANO NOVO, VIDA NOVA", escolho largar o que me era o mundo. Escolho sair de onde estou e recomeçar. Deixar seguir minha vida em outra direção, buscar tudo que quero e preciso e que aqui não tenho. Ciao São Paulo. Foi importante me lançar em teus braços nos últimos 4 anos, mas não adianta, cidade bela e cinza, você não me aninha. E eu te amo, mas não é suficiente. "All we need is love", e eu volto pro Rio e pra tua brisa indecente e sedutora. Minha cidade, meu lugar, pelo menos por agora. Sorrio. Choro. E percebo que há tempos tenho me inventado, há tempos tenho tentado, há tempos tenho querido, há tempos, há tempos, há tempos. Tudo passou e eu aqui, estagnada a valores, amores e sonhos. Só meus. Unilaterais. De mentira. Há tempos, de mentira. Tantos respiros, gritos, choros, dores. Contorci tantas vezes. Uma viciada no momento em que luta pra se libertar desse vício que a angustia, destrói, enlouquece. Os tremores da abstinência, o vazio, a falta, o nó na garganta, o coração despedaçado, os delírios e a solidão de quem teve que passar por isso solitariamente. Como tudo é, de fato. Deixei que fosse assim, doloridíssimo, que fosse assim, com tanta intensidade, que fosse mortal para que renascesse, que chegasse ao fim para que recomeçasse. Que chegasse ao fim e eu então pudesse reconstruir. Chegou a hora. Restart.

...

Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você, ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e, se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que, no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?

Aposto que não.

NA VITROLA - Tears Dry On Their Own - Amy Winehouse