E então é isso. Mesmo que eu lute, que eu tente, que eu me segure, que eu rejeite, que eu force a barra, que eu fantasie, que eu me iluda, eu preciso abrir mão e deixar que siga, que se vá. Preciso conseguir. Preciso sobreviver a isso, e ainda que pareça pesado ou soe forte demais, é assim que eu me sinto. Condenada a um sentimento que talvez tenha sido - e seja - maior do que eu, transbordante, único, dilacerante.
Ontem passei a tarde assistindo a um filme e pensando e chorando e sorrindo e sofrendo e querendo mais da vida. "Evening". Uma história densa, uma vida inteira ali naquela tela, contando a história de uma mulher que viveu sua vida, com suas escolhas, espontâneas ou não, mas que no final, já entregue a uma doença, relembra tudo com saudade do amor da sua vida - com quem ela nunca viveu em razão dos descaminhos a que estamos todos sujeitos. Triste. Feliz. Feliz ela ter tido momentos com esse amor, ter podido sentir. Triste relembrar com a nostalgia do que não foi vivido, ou melhor, do que poderia ter sido e não foi.
Mas c'est la vie e a história sempre é mais bonita nos filmes do que na vida real. Aqui é dolorido e muitas vezes incompreensível. E acho que tem gente que lida melhor com todas essas questões emocionais. Quem consegue domar esse tambor que teima dentro do peito, quem consegue racionalizar e entender que as coisas se transformam, tendem a ter mais sucesso. Eu não sou dessa turma, infelizmente. E não bastasse ser loucamente passional, ainda sou dada a catarses. Não é poético. Só é sofrido.